Grandes empresas x startups: o que essa comparação ensina ao mercado

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Com a palavra “inovação” aparecendo em diversos locais, é natural que os gestores de diferentes áreas se tornem mais atentos em relação a mudanças do mercado. Steve Blank, professor emérito de Stanford e UC Berkeley e uma autoridade em empreendedorismo, traz a questão da cobrança excessiva de que “é preciso inovar”, mas de que pouco se fala do que está impedindo isso de acontecer. Inclusive, alerta para duas premissas muito importantes neste quesito: um startup não é uma “versão menor” de uma grande empresa. Da mesma forma, grandes empresas não são “versões maiores” de startups.

O que isso significa? Que ambas têm características distintas e de que não é preciso haver uma padronização sobre “inovação”. Startups trabalham de uma forma e grandes empresas talvez precisem ir por um caminho diferente. No entanto, há diversos obstáculos que podem ser superados quando uma olha para outra. São processos, metodologias e lideranças, por exemplo, que podem funcionar muito bem em uma e, por isso, podem ser incorporados ou personalizados em grandes empresas.

Steve Blank, para esclarecer a questão, explica que uma startup é uma organização temporária com o objetivo de procurar e encontrar um modelo de negócio com possibilidade de escalar e ser replicável. . Em contrapartida, grandes empresas contam com  modelos de negócios testados e validados e em vez de “procurar e encontrar”, elas o executam.  Por essa razão, é que nem sempre é tão fácil trazer ações criativas, inovadoras e disruptivas.

Quando se fala em inovação para grandes empresas há uma barreira bem clara: os modelos de negócios comprovados. Não é mais preciso ir atrás de um norte, como em uma startup, pois já se tem um guia para criar produtos e serviços. Porém, o que acontece é que as equipes absorvem isso como uma máxima imutável. É um dado que precisa ser executado todos os dias. As métricas de sucesso e recompensa estão baseadas nisso. Então, como inovar em um cenário assim?

Inovar é caótico, confuso e incerto. Neste quesito, as ferramentas e mindset das startups conseguem agir de forma rápida até mesmo em uma mudança de cultura interna.

O que grandes empresas podem aprender com startups

Primeiro, é preciso desmistificar a imagem de que startup não tem disciplina. A inovação requer organização. Blank e Pete Newell ensinam que para inovar é preciso uma arquitetura baseada em evidências, com processos funcionando de forma ágil e priorização de problemas, ideias e tecnologias. A Inovação Lean, que pode ser extraída de Lean Startup, um método que evita desperdícios para entregar rapidamente qualidade, conhecimento e prática, pode ser adaptada para grandes empresas.

Na Inovação Lean, há seis etapas que conseguem ser assimiladas por grandes empresas. O que mostra, mais uma vez, que não é preciso se tornar uma startup para inovar, mas entender dentro do seu contexto que há ferramentas que podem contribuir com um objetivo fora do tradicional.

1. Abastecimento: formatar um período de dias no qual um grupo criará um apanhado de problemas, ideias e tecnologias que devem ser investidas.

2. Curadoria: os responsáveis por inovar vão para a rua. Eles saem da zona de conforto do escritório e vão até clientes e colegas. Isso possibilita identificar novos problemas, variações de uma necessidade, soluções que cabem dentro de cada orçamento, etc. Com isso, é possível prototipar, começar com o Minimum Viable Product‎, o chamado MVP.

3. Priorização: a lista de ideias é refinada de acordo com a pesquisa anterior, no qual são avaliadas questões técnicas, legais, orçamento, entre outros. Nesta etapa, os projetos são categorizados, o que diz respeito ao quanto será investido, por quanto tempo e sua viabilidade.

4. Soluções e testes: depois que as ideias são priorizadas, a equipe de inovação procura por soluções e começa a testar hipóteses, sem medo de falhar.

5. Incubação: com a hipótese validada, começa a construção de fato de um MVP e o alinhamento da integração da equipe. Para que isso aconteça, é essencial uma liderança que garanta recursos e orientação.

6. Integração e reestruturação: Após a validação dos testes,  a solução dá os passos iniciais na integração dentro das grandes empresas. Aqui também são corrigidos desvios que são rapidamente reestruturados.

De quais outras formas startups podem ajudar grandes organizações?

Existem ainda outros conceitos que podem ajudar grandes empresas. São abordagens e ferramentas de startups que têm tido bastante sucesso.

●  Equipe enxutas: não há um número pré-determinado por projeto, mas não se chega até dez pessoas. Se necessário, a empresa deve dividir o projeto em fases.

●  Carreira em T: profissionais têm sido mais valorizados por uma combinação interessante de conhecimento em vários assuntos, mas com profundidade e expertise em um deles.

●  O erro faz parte da inovação: é preciso experimentar. Para isso, o medo de errar não deve fazer parte da equipe. Pelo contrário, significa insumo para tentar novamente.

●  Propósito: um projeto, serviço ou produto deve estar baseado na resolução de problemas reais.

Como bônus, as chamadas “lições aprendidas” para inovar em grandes empresas por Steve Blank:

●  Inovar em grandes empresas é mais complexo do que em uma startup;

●  KPIs e processos precisam ser inovadores e responsivos, não baseados somente em execução repetitiva;

●  Cada vez que um processo de execução entra na empresa, a inovação se torna mais distante;

●  As grandes empresas precisam mais do que entender e falar sobre inovação, mas obter ferramentas e colocar em prática;

●  É fundamental políticas, procedimentos e incentivos com foco em inovação.

Quer mais dicas de como grandes empresas podem adotar de forma eficaz métodos de uma startup (sem precisar se tornar uma)? Fale conosco!

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