Variação cega e retenção seletiva: o que é essa tal de VaCa RoSa?

Design Thinking

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Variação Cega

Ok. O título ficou “holográfico” demais. Mas é isso mesmo, gostaria de relatar o processo de variação cega e retenção seletiva pelo qual nasceu a Vaca Rosa. Ou: Rosa, a Vaca. Ou seja: a VaCa RoSa da Rosa, a Vaca. 

Aliás, eu já falei sobre esse termo no texto “A maçã de Darwin e os segredos da inovação de Steve Jobs”, mas hoje quero contar como ele nasceu. E, assim, mostrar como algo criado para explicar a inovação se tornou a própria explicação de si. 

Significado de VaCa RoSa 

Vaca Rosa Mesa


Bom, um dos conceitos fundamentais para se entender o processo de inovação reside na dinâmica Darwiniana de variação cega e retenção seletiva. 

Que, nesse caso, consiste na ideia de que para aumentar a inovação nas empresas, é preciso criar uma variação cega de serviços (para além do “óbvio”) e utilizar uma abordagem baseada em retenção seletiva para começar novos serviços. 

Esse conceito é defendido por pessoas como o “pai da inovação” Schumpeter, o “mago” Steve Jobs, o “TED” Tim Harford e o autor de “Little Bets”, Peter Sims. Ok? E, na prática, como isso ocorre? E é neste contexto que entra a holografia, no sentido de que “o todo está em cada parte”. Um conceito interessante. 

Como surgiu o termo VaCa RoSa? 

Mas, de volta a Vaca fria, digo Rosa. A “Vaca Rosa” surgiu da dificuldade que uma participante de um dos workshops que eu promovi tinha para decorar “Variação Cega e Retenção Seletiva”. 

Ela simplesmente não conseguia dizer isso, sem se atrapalhar. Para tentar ajudá-la, tivemos a ideia de criar um acrônimo: V, C, R e S. Ainda assim, ficava difícil de lembrar. Afinal, VCRS não possui uma “narrativa”. 

Na sequência, tentamos ver quais palavras poderiam se encaixar nesse acrônimo… VC: VaCa. Ótimo. Isso remeteu às Vacas… Quem conhece algo engraçado relacionado a “vacas”… Lembramos da Vaca Roxa do Seth Godin (Purple Cow). A conexão foi imediata! Vaca Roxa > Vaca Rosa. Resolvido.

Dali em diante, todos os participantes começaram a se referir ao processo como VaCa RoSa: Vamos fazer uma vaca rosa aqui? Para resolver isso, o melhor é utilizar a vaca rosa… etc. Foi adotado por todos, quase que “imediatamente”. O fenômeno social em ação. Ok, a retenção seletiva foi positiva: a comunidade aceitou e adotou a nova proposição de valor.
É fundamental entender que essa “inovação” surgiu cegamente para atender a necessidade das pessoas em lembrar/dizer mais facilmente o termo “variação cega e retenção seletiva”. 

Ou seja: nasceu de um fenômeno social. E foi amplificado por ele. 

Em determinado momento, todos os envolvidos ficaram verdadeiramente apaixonados pela Rosa. O Guto de Lima, generosamente, propôs um tratamento estético à altura. Assim nasceu a imagem oficial da Rosa, que eu já compartilhei em outro post com vocês. Linda!

Vaca Rosa

O outro lado da retenção seletiva

Ocorre que existe o outro lado da “retenção seletiva”… Bom, em pouco tempo a Rosa foi adotada tanto pelos participantes dos workshops anteriores, quanto pelos novos participantes. 

Ela se espalhou incontrolavelmente… Viral! Inclusive nas entrevistas que demos na época, os jornalistas imediatamente adotavam o termo e acabavam por dar maior destaque à Rosa. Tudo parecia muito bem até que começamos a receber um retorno “negativo” a respeito da Rosa… Nossa amada Rosa, a Vaca.

Ocorreu o seguinte: embora para os participantes do workshop faça todo o sentido utilizar o termo “Vaca Rosa”, para quem não o conhecia, não fazia muito sentido.

Quem nunca havia visto uma explicação sobre Darwin e o processo de variação cega (não é burra e sim justa, cega!) e retenção seletiva aplicada à inovação, não conseguia fazer a conexão. E pior, não se sentia à vontade para participar do “workshop da Vaca”. 

Por isso, foi necessário fazer uma retenção seletiva (negativa) da Vaca…Lógico, para quem não conhece a associação da Rosa com inovação é até repelente. 

Afinal, se um gerente de uma empresa de TI precisa saber como inovar, ele não se inscreverá em um “workshop da Vaca”. Como ele está imerso em “alegorias de racionalidade”, não se sentirá atraído por “alegorias de criatividade”. Simples assim. 

Bom, é muito interessante ver pessoas que deveriam “inovar” e não o fazem, pois estão presas (bounded rationality) a um paradigma baseado em eficiência e não em eficácia.

Em última análise, tal qual o design, a inovação não é teleológica… E, como pesquisadores do fenômeno social da inovação, poder acompanhar esse processo de “dentro” é fenomenal (desculpem o trocadilho). 

Walk the Talk – O que é a inovação? 

Como dizem: falar é fácil! Estamos dizendo que a inovação é um fenômeno social que ocorre a partir de um processo semelhante à dinâmica da variação cega (não é burra e sim justa, cega!) e retenção seletiva Darwiniana. Basicamente, incontrolável.

Haveria como ter evitado esse ruído a respeito da Rosa? O que você pensa a esse respeito? Poderíamos ter controlado a situação? Quais podem ter sido os pontos negativos e positivos? Qual tipo de valor se produziu ao deixar a comunidade de usuários controlar essa “imagem”? 

Será que a estratégia da Lean Startup estudada por Eric Ries pode nos ajudar a entender o que ocorreu?

Deixe seu comentário! Diga o que você pensa sobre o assunto. 

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