Carreiras em espiral e protagonismo: o novo perfil de liderança nas empresas

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Carreiras em espiral e protagonismo: por que líderes com trajetórias não lineares são chave para empresas inovadoras, e como reconhecer, atrair e desenvolver talentos com visão ampliada, adaptabilidade e consciência em tempos de mudança.

Durante décadas, fomos condicionados a olhar para uma carreira como uma linha reta. Começava com o primeiro emprego, passava por promoções lineares e, quem sabe, culminava em um cargo de liderança até a aposentadoria. Era uma narrativa previsível. Quase um script pronto.

Mas o mundo mudou. E com ele, as trajetórias profissionais também.

Hoje, cada vez mais pessoas constroem carreiras em espiral. São profissionais que não seguem um percurso único, mas que ampliam repertório, se reinventam, aprendem com experiências diversas, muitas vezes fora dos padrões tradicionais do mercado.

Esses profissionais são movidos por propósito, por curiosidade e pela coragem de experimentar. São plurais. E é justamente essa pluralidade que os torna fundamentais para um mundo em constante transformação.

O que é uma carreira em espiral?

Uma carreira em espiral não é sobre subir degraus. É sobre expandir a visão. É quando alguém transita por diferentes áreas, projetos, funções ou até setores, não como fuga, mas como forma de integrar saberes.

Essas mudanças nem sempre vêm com promoções ou títulos maiores, mas com um ganho profundo de competências, resiliência e visão sistêmica.

A jornalista que virou estrategista digital. O engenheiro que hoje lidera programas de diversidade. A executiva que fez uma pausa para empreender e voltou ao mercado com uma mentalidade completamente nova. A empresária que resolve retornar a uma empresa e ser CLT novamente. 

Carreiras em espiral são menos sobre função, e mais sobre vivência. São histórias de quem se permite sair da zona de conforto e voltar com mais amplitude, com mais escuta e mais presença.

Por que isso importa para as empresas?

Porque o mundo atual não precisa apenas de especialistas. Precisa de conectores. De Nexialistas. De líderes que saibam traduzir contextos, unir equipes diversas, tomar decisões com base em múltiplos referenciais. E quem viveu diferentes contextos, geralmente desenvolveu algo raro: pensamento integrativo.

Esse profissional consegue olhar um problema por diferentes lentes. Entende o impacto humano e o impacto financeiro. Enxerga o cliente, o time, o sistema.

É um tipo de inteligência que não se aprende em um único curso. Ela é construída na vida real, no caminho não linear das experiências.

O desafio da área de Gente e Gestão: reconhecer talentos que não cabem em caixas

E aqui entra um ponto importante: o processo tradicional de recrutamento e seleção ainda está muito preso à lógica da escada corporativa.

Muitos currículos em espiral são descartados por parecerem “inconstantes” ou “desfocados”. Há uma tendência perigosa de estigmatizar tais profissionais, encaixando-os em rótulos como “criativo demais”, “não tem foco” ou “generalista”.

Mas e se estivéssemos, na verdade, diante dos líderes mais preparados para lidar com a complexidade do presente?

Profissionais com carreira em espiral são menos lineares porque são mais adaptáveis. Aprenderam a recomeçar, a construir repertório, a dialogar com o novo. Eles não apenas suportam mudanças. Eles vivem bem nelas. Ignorar esse tipo de perfil é um erro estratégico.

A armadilha das funções estáticas

Outro risco comum nas organizações é contratar um talento com trajetória rica e diversa e tentar encaixá-lo em uma função rígida, com escopo limitado e pouca margem para inovação. É como pegar um profissional poliglota e pedir que fale apenas um idioma.

Esses enquadramentos sufocam. E o resultado é previsível: esse talento logo se desengaja, se frustra ou deixa a empresa em busca de um ambiente onde possa exercer sua potência.

Funções estáticas podem funcionar em contextos estáveis. Mas estamos em um mundo BANI, frágil, ansioso, não linear e incompreensível. Nesse cenário, quem tem uma carreira em espiral pode ser o melhor parceiro para navegar a incerteza.

O que as empresas precisam atualizar?

Aqui vão algumas reflexões urgentes para quem recruta, desenvolve e lidera pessoas:

  1. Atualize os critérios de avaliação.
    Pare de olhar apenas títulos e tempo de empresa. Comece a perguntar: quais experiências ampliaram a visão desse profissional? Em que contextos ele precisou se adaptar? Que aprendizados ele traz que podem ser aplicados aqui?
  2. Reveja as descrições de cargo.
    Em vez de apenas listar tarefas técnicas, traga o desafio em termos de impacto, relacionamento e inovação. Profissionais em espiral se atraem por desafios vivos, não por caixas estanques.
  3. Crie trilhas de desenvolvimento mais fluidas.
    Ofereça oportunidades de movimentação lateral, projetos interdisciplinares e mentorias cruzadas. Estimule o trânsito interno e valorize quem conecta áreas diferentes.
  4. Valorize a diversidade de percurso como vantagem competitiva.
    Ter no time alguém que já empreendeu, viveu fora, mudou de área ou fez uma pausa na carreira pode ser exatamente o diferencial necessário para uma tomada de decisão mais humana, ousada e consciente.
  5. Evite o aprisionamento de talentos.
    Se você contratou alguém com trajetória diversa, ofereça autonomia e espaço para que essa pluralidade floresça. Escute suas propostas. Traga esse olhar para a estratégia.

O futuro da liderança é híbrido, humano e dinâmico

Cada vez mais, veremos líderes com experiências múltiplas ocupando posições de destaque. E não porque seguiram o “roteiro ideal”, mas porque souberam criar seus próprios caminhos.

Esses líderes serão mais empáticos, porque já estiveram do outro lado. Mais inovadores, porque têm repertório de sobra. Mais colaborativos, porque sabem que ninguém avança sozinho.

Empresas que desejam atrair esses perfis precisam evoluir. Não basta falar de inovação. É preciso inovar também na forma de reconhecer talento.

E isso começa por abandonar o modelo linear. Começa por enxergar potência naquilo que não é óbvio. Começa por confiar nas histórias reais, e não apenas nos cargos do LinkedIn.

Em vez de caixas… janelas

Quando um profissional em espiral chega até você, ele traz não só um currículo, mas uma coleção de vivências. E talvez o maior presente que ele possa oferecer à sua empresa… seja abrir novas janelas. De visão, de possibilidades, de caminhos.

Mas isso só acontece se você não tentar colocá-lo em uma caixa.

Porque talento não é aquilo que se mede apenas pelo que foi feito — mas pela capacidade de criar o que ainda não existe.

E, nesse ponto, as carreiras em espiral estão nos ensinando muito. 

Se a sua empresa deseja cultivar lideranças mais conscientes, adaptáveis e com visão ampliada, é hora de atualizar não só os processos, mas também a mentalidade.

Profissionais com trajetórias em espiral têm muito a oferecer. Mas para que essa potência floresça, é preciso um ambiente que estimule o protagonismo, a confiança e a responsabilidade compartilhada.

É por isso que criei o Workshop “Accountability e Protagonismo. Usando metodologias ativas, é uma experiência profunda e prática para empresas que querem transformar cultura, comportamento e resultados.

Vamos juntos preparar líderes para um futuro que será híbrido, humano e desafiante. 

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