Encerrar um ciclo é mais do que revisar metas. É reinterpretar a jornada, aprender com os imprevistos e preparar-se para agir com clareza, propósito e esperança em 2026.
O fim de um ciclo: o tempo como espaço de reflexão
Chegamos novamente ao final de um ano. E com ele, a sensação de que o tempo passou mais rápido do que deveria ou, talvez, mais intensamente do que gostaríamos. Os últimos meses de 2025 não pedem apenas balanços e planilhas. Pedem lucidez. E uma dose de coragem.
Vivemos em um mundo em que as certezas duram pouco, as estruturas se transformam constantemente e o ritmo da mudança supera a nossa capacidade de absorção. Nesse cenário, encerrar um ciclo não é um ato administrativo, mas um exercício de consciência.
É tempo de olhar para dentro e perguntar: “O que preciso para ficar atualizado para que eu possa acompanhar o que o mundo exige?”
Mais do que revisar metas, o fim de ano é um convite para repensar como estamos lidando com o tempo, com as mudanças e com os desafios.
A diferença entre quem reclama e quem resolve
Em treinamentos de liderança e gestão do tempo, costumo dizer: existem dois tipos de culturas nas organizações: as que resolvem e as que se explicam. A cultura de solução e a cultura de desculpas são como duas lentes pelas quais observamos a realidade. A primeira nos mobiliza; a segunda nos paralisa.
Cultura de solução: o olhar de quem age
Empresas e profissionais orientados à solução entendem que cada problema traz uma oportunidade de aprendizado. Segundo a Harvard Business Review, a chave para resolver desafios complexos está em reformular o problema antes de agir. É isso que diferencia quem apenas reage de quem cria possibilidades.
A cultura de solução parte de três princípios simples:
- Diagnóstico rápido: entender o que realmente está acontecendo, sem narrativas de culpa.
- Experimentação: testar hipóteses e aprender com os resultados.
- Responsabilidade compartilhada: todos são parte do problema e, portanto, parte da solução.
Essas três atitudes definem o que chamo de liderança proativa, um dos pilares do mundo contemporâneo.
Cultura de desculpas: o ciclo que trava o progresso
A cultura de desculpas, por outro lado, se alimenta de frases como: “não deu”, “não era o momento”, “ninguém me avisou”. Ela mascara a passividade e cria o que Roger Martin chamaria de estratégia defensiva: aquela em que a pessoa tenta apenas não errar e, com isso, deixa de inovar.
Uma organização que se justifica mais do que age perde ritmo, criatividade e credibilidade.
Segundo a McKinsey (The State of Organizations 2025), empresas que estimulam a accountability e a autonomia têm 47% mais chances de gerar inovação contínua.
O antídoto é simples mas exige disciplina: substituir o “por que não” pelo “como sim”.
Adaptabilidade: a competência que define o futuro
O futuro não pertence aos mais fortes, mas aos mais flexíveis. O relatório Future of Jobs 2025, do World Economic Forum, indica que “pensamento analítico, aprendizagem ativa e adaptabilidade emocional” estão entre as habilidades mais demandadas globalmente. Ou seja: não basta ter conhecimento técnico, é preciso ajustar o comportamento diante do novo.
Três níveis de adaptabilidade
- Pessoal: como você reage às mudanças? Se adapta, resiste ou paralisa?
- De equipe: como o grupo reorganiza suas formas de cooperação, comunicação e aprendizado?
- Organizacional: a cultura e os processos sustentam ou bloqueiam a capacidade de responder rapidamente ao ambiente externo?
Em todos os níveis, adaptabilidade é uma questão de aprendizado contínuo.
Como lembra o professor Nassim Taleb, “o antifrágil é aquele que melhora com o caos”. Adaptar-se é mais do que resistir. É usar o movimento como combustível de crescimento.
Ferramentas práticas para desenvolver adaptabilidade
- Reuniões de aprendizagem contínua: momentos mensais para refletir sobre o que foi aprendido, o que mudou e o que precisa mudar.
- Cultura de feedback constante: quanto mais rápido o retorno, mais rápido o ajuste.
- Mapas de cenário: antecipe mudanças, desenhe “planos B” e pratique a previsão adaptativa.
- Treinamentos de resiliência cognitiva: ajudam as pessoas a lidar melhor com o erro e com o inesperado.
Essas práticas são hoje referências em consultorias de inovação e desenvolvimento de lideranças e podem ser aplicadas de forma simples e eficaz.
Gestão do tempo: o ativo invisível que define resultados
Tempo é o único recurso que não se renova. E, paradoxalmente, é o que mais desperdiçamos. O estudo Time Management Trends 2025 mostra que 60% do tempo de um profissional médio é consumido por atividades de baixo valor agregado — e que apenas 18% têm uma metodologia estruturada de priorização.
Gestão do tempo com propósito: do fazer ao escolher
O grande salto não está em “fazer mais em menos tempo”, mas em escolher o que realmente importa. O tempo bem usado é aquele que expressa nossos valores, não apenas nossas tarefas.
O Método AION® que desenvolvi ao longo dos últimos anos parte dessa premissa: “Gerir o tempo é gerir a vida que se quer viver.” São quatro pilares que apoiam essa jornada:
- Autoconhecimento: entender o que faz sentido e o que é ruído.
- Investigação: alinhar o tempo ao propósito e identificar onde tem oportunidade de crescimento
- Organização: transformar o propósito em ação concreta e sustentável.
- Novo Equilíbrio: Como vencer a procrastinação, aprender a dizer não e trazer um novo sentido para a vida
Mais do que cronogramas, é sobre consciência temporal.
Técnicas práticas para otimizar tempo e energia
A seguir, uma curadoria das técnicas que mais funcionam no ambiente corporativo e na vida pessoal adaptadas à realidade de quem precisa entregar resultados e manter a sanidade.
Auditoria de tempo semanal
Durante sete dias, registre suas atividades, sem julgamento. Ao final, pergunte-se: quanto do meu tempo foi investido no que realmente gera valor?
Matriz de priorização (Eisenhower revisitado)
Organize tarefas em quatro quadrantes: Importante e urgente; Importante e não urgente; Urgente e não importante ou Nem urgente, nem importante
Veja o gráfico a seguir;

A meta é atuar com foco no segundo quadrante: o importante antes de se tornar urgente.
Isso é planejamento inteligente e reduz a sensação de correr atrás do tempo.
Time blocking e pausas conscientes
Bloqueie na agenda períodos dedicados a tarefas estratégicas e proteja esses blocos como compromissos inadiáveis. Entre eles, reserve pausas curtas. Como mostra estudo da Asana (2025), pausas de 5 minutos entre blocos aumentam em até 23% a concentração.
Dizer “não” como ato de prioridade
Cada “sim” mal dado é uma armadilha para o seu tempo. Aprender a negar pedidos desalinhados é essencial para manter o foco no que importa.
Delegar e confiar
A delegação inteligente é uma forma de multiplicar tempo. Mas ela só funciona em ambientes de confiança e essa é uma das marcas de uma cultura de solução.
Revisando 2025: o que ficou, o que aprendeu e o que quer levar
Revisar o ano não é um exercício de vaidade, mas de aprendizagem. Olhar para 2025 com honestidade é reconhecer o que deu certo, o que se perdeu pelo caminho e o que precisa ser ressignificado.
Pergunte-se:
- Que desafios me ensinaram mais?
- Em quais momentos fui reativo(a), e em quais fui proativo(a)?
- Como usei o tempo para construir o que importa?
- Quais crenças ou hábitos me prenderam em 2025 e já não quero carregar em 2026?
Essa autoavaliação é o primeiro passo da adaptabilidade emocional e estratégica.
Pensar 2026: entre a esperança e o planejamento
Não existe planejamento sem esperança. Esperança é o que nos move a continuar acreditando que o futuro pode ser melhor e que somos agentes dessa mudança.
Defina sua intenção central para 2026
Antes das metas, vem o propósito. Defina a intenção que guiará suas decisões:
- “Quero viver com mais presença e menos urgência.”
- “Quero liderar de forma mais empática e resolutiva.”
- “Quero organizar meu tempo em torno do que tem sentido, não apenas do que é cobrado.”
Essa frase é o seu norte simbólico.
Construa um sistema, não apenas metas
Metas dependem de disciplina; sistemas sustentam a mudança. Crie rituais semanais de revisão, reuniões de aprendizado, blocos de foco, tempos de respiro.
Planeje o inesperado
A adaptabilidade só existe quando há margem para o imprevisto. Reserve espaço na agenda para ajustar, mudar, refazer. Planejar é desenhar possibilidades, não prisões.
Checklist para revisar 2025 e planejar 2026
Use este checklist como um mapa visual para encerrar o ciclo com lucidez e começar o próximo com foco e propósito.
Reflexão sobre 2025
- Liste três conquistas que mais geraram aprendizado.
- Identifique três desafios que testaram sua adaptabilidade.
- Reconheça hábitos que limitam sua proatividade e escolha quais deixar ir.
- Avalie como distribuiu seu tempo entre rotina, inovação e descanso.
Construção de mentalidade de solução
- Transforme cada desculpa recorrente em uma pergunta de ação (“Como posso fazer diferente?”).
- Institua reuniões de solução mensais com sua equipe.
- Comemore pequenas vitórias de aprendizado.
Gestão do tempo e energia
- Faça uma auditoria de tempo de uma semana.
- Escolha duas técnicas de gestão (time blocking, Eisenhower, Pomodoro).
- Proteja blocos de foco e descanso no calendário.
Preparação para 2026
- Defina uma intenção anual (propósito-guia).
- Crie um sistema de reflexão contínua (mensal/trimestral).
- Planeje margens de adaptação – imprevistos, pausas, revisões.
- Celebre progresso, não perfeição.
Fechamento: um novo tempo para agir com propósito
Encerrar 2025 é mais do que fechar relatórios. É encerrar versões de nós mesmos que já não cabem. E abrir espaço para o que ainda pode florescer.
O tempo, esse fluxo que tantas vezes tentamos controlar, nos convida a aprender o equilíbrio entre planejar e confiar, agir e pausar, produzir e sentir.
Que 2026 seja um ano de:
- Proatividade que move,
- Foco em soluções que unem,
- Adaptabilidade que liberta,
- E gestão do tempo que devolve o sentido ao viver.
E que cada um de nós possa, neste novo ciclo, liderar com esperança, a virtude mais estratégica de todas.
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