Existe um fenômeno que observo há vários anos em minha cidade: todo início de ano, após a época dos vestibulares, todas as escolas estendem pomposas faixas na entrada e anunciam no jornal da cidade os nomes de seus alunos que foram aprovados nos vestibulares – dando ênfase, é claro, para aqueles que passaram nas primeiras colocações nas universidades mais concorridas. É um ato de orgulho: a representação do sentimento de dever cumprido. E é também uma tentativa de atrair novos alunos para continuar um ciclo infinito.
Algumas vezes aqueles alunos esquecidos, que infelizmente não passaram em nenhum vestibular, retornam ostentando uma bem sucedida carreira como atleta ou então como um artista reconhecido nacionalmente, e, mais uma vez, a escola orgulhosamente divulga que esteve presente na formação daquele profissional bem sucedido. Mas qual é a contribuição de uma escola tradicional na carreira de uma dançarina? Pode soar até mesmo um pouco oportunista, não é mesmo?
Educação formal e rígida
Essa situação ilustra exatamente a preocupação do ensino, não só no Brasil, mas no mundo todo. O papel da escola se resume em preparar o jovem para entrar no mercado de trabalho, com foco no ensino de línguas, matemática e ciências, deixando de lado a importância das artes. É um sistema que foi criado no século XIX, acompanhando as evoluções e o crescimento das grandes empresas, que requeriam cada vez mais profissionais com o mesmo perfil, e que continua engessado até hoje sob os mesmo princípios.
Podemos observar inúmeras empresas e startups apresentando inovações nas mais diversas áreas, unindo a tecnologia com ideias originais que agregam valor e facilitam nossas vidas. Seria de se esperar que os efeitos disso pudessem ser notados também na educação, afinal são milhões de jovens matriculados em escolas, que representam não só um grande mercado, mas também o nosso futuro. Porém, não é o que observamos na prática, já que as startups encontram resistência em implantar seus produtos e serviços nas escolas. Por que isso acontece? Acompanhe:
Obstáculos enfrentados pelas startups
O principal obstáculo enfrentado pelas startups é a falta de interesse das escolas em inovar. É um cenário equivalente a tentar vender um smartphone para o vovô, que não se acostumou nem com ao uso dos celulares tradicionais. Ele pode até entender que o smartphone apresenta várias novas funções, mas se ele ainda é capaz de realizar ligações com seu telefone convencional, por que mudar? Neste contexto, as instituições de educação buscam entregar o que se comprometem a fazer, que é um jovem que seja aprovado no vestibular e tenha capacidade de conseguir um emprego. Porém, talvez, este seja justamente o problema.
Para atingir este objetivo, as escolas acabam utilizando todo o seu orçamento sempre nos mesmo gastos (professores, demais funcionários e infraestrutura) e descartam a possibilidade de assumir outras despesas. Além disso, a divulgação para os profissionais de ensino acaba se tornando complicada, já que eles passam o dia longe dos canais de comunicação. Por isso, é preciso encontrar meios diferentes de tentar contato e de mostrar novas ideias, mas aí entra novamente a resistência à inovação.
A importância do professor
Nos meus anos de escola, sempre que tínhamos contato com alguma proposta diferente de ensino, era por iniciativa exclusiva do próprio professor. Algumas vezes, até a instituição fazia resistência à proposta, fazendo com que o projeto tivesse que ser abandonado. Por outro lado, havia os professores que já lecionavam na escola, há 20 anos, e não faziam esforço algum para mudar e aprimorar seus métodos de ensino, bloqueando completamente a aprendizagem inovadora.
Dessa forma, é visível a importância da figura do educador dentro do ambiente de educação formal, já que é ele quem estabelece o contato direto com o aluno e é também responsável pela forma de transmissão dos conhecimentos. Se os professores estão acomodados, ensinando um conteúdo já pré estabelecido e reciclando, ano após ano, a mesma apresentação no powerpoint, as chances de aplicar qualquer produto ou serviço inovador se tornam ainda menores.
As soluções alternativas
Neste panorama, algumas startups começam a buscar presença no mercado sem entrar no ambiente formal de ensino, por meio de novos modelos de negócios. É um mercado muito menor do que os milhões de alunos nas escolas e os serviços pagos podem sofrer certa relutância. Porém, pode ser uma solução alternativa.Para implantar uma educação inovadora, não só as startups precisam buscar ideias e tecnologias novas, mas é preciso também que a visão tradicional de ensino das escolas mude, diminuindo a resistência imposta.
Você acha que no futuro isso acontecerá? Deixe seu comentário sobre o assunto!
Respostas de 5
A tecnologia esta mudando em uma nova era e quem não se adaptar, ficará para trás, junto com o sistema superado.
Não tenho uma opinião se isso de fato vai ocorrer, mas temos que investir nas soluções alternativas!
Excelente post. Não só falta espaço para a inovação como o ensino tradicional tem se mostrado incapaz de ser mero follower. As escolas – pelo menos a maioria delas – nem acompanhar as mudanças consegue.
Guta, ótimo post.
Infelizmente enquanto muitos ou a maioria pensam com uma mentalidade fixa, ou seja, não tem a minima preocupação em mudar, é isto que acontece, dificuldades de inovação e mudança. A maior parte das instituições precisam descobrir o seu propósito. Será que elas nasceram apenas para ganhar dinheiro? ou lutam por uma causa maior? neste caso à educação….
Eu acredito que as coisas estão bem devagar, pensar em inovar atualmente é uma realidade e diferencial competitivo. Quando as primeiras grandes instituição mudarem, as outras precisarão correr atrás, caso contrário, estarão fora do mercado.
Um forte abraço e parabéns por esta postagem
Este assunto é fácil de entender, a era esta mudando e não tem volta. A resistencia ainda é por parte mercadológica do sistema. É fato, que o sistema de ensino ainda quer manter ovelhinhas cursando o que é jogado a elas e nem mesmo analisa o que esta geração quer aprender e o porque elas devem aprender aquilo que esta sendo proposto. Hoje, vivem juntas, geração X, Y, Z e esta chegando a mais recente Alfa. O sistema de ensino não dá o privilégio dos alunos escolherem o “que estudar”, não entendem o funcionamento do cérebro ( lado esquerdo é Lógico e Direito Humano), sabendo disso, poderia direcionar melhor os alunos para seus gostos e habilidades e formar gênios. Mas, gênios não manteriam mais o sistema e o ciclo economico do sistema seria rompido. Mas, a internet chegou para isso e não adianta lutar contra, no final, tudo será mudado. Estamos vendo isso hoje com o sistema APP Uber, os taxistas (máfia) estão lutando contra, mas não adianta, no final a tecnologia vencerá. É o mesmo processo que ocorreu com Discos de Vinil, Fita Cassete, Máquina de Datilografia. A tecnologia esta reformulando toda uma nova era e quem não se adaptar, ficará para trás, junto com o sistema antigo. A educação também estará passando por profundas mudanças por causa da tecnologia, ou você que esta lendo isso, acha que alguém ainda pesquisa alguma palavra em Enciclopédia impressas, como a Barsa? É questão de tempo, somente isso! 🙂